hoje de noite, depois que o João dormiu, ao invés de tentar te convencer a
dormir o mais rápido possível também, afinal ‘JÁ PASSOU DA HORA DE CRIANÇA
DORMIR!’. Mas ao invés disso, senti vontade de deitar do teu lado e te curtir
um pouco. Fazia tanto tempo que eu não aproveitava plenamente tua presença, sem
pressa ou outras demandas. Sem lego para montar ou histórias para ler. Só ficar
junto, eu e você. Não demorou e
logo senti meus olhos marejarem. Lágrimas de saudade, ternura e gratidão.
Saudade de sentir teu corpo aconchegado no meu, saudade do teu cheiro, saudade
de pegar na tua mão enquanto você me conta tuas histórias. Saudade da época que
você era um bebê gordinho e macio, de te embalar no meu colo e sentir o peso do
teu corpo adormecido no meu peito. Saudade de ouvir tua vozinha se aventurando
nas primeiras palavras, saudade da tua mãozinha puxando os cabelos da minha
nuca. Saudade do tempo que éramos só nós dois...
Ternura por tudo que já passamos juntos, pela sua presença doce e serena nos
momentos difíceis destes últimos anos. A solidão na Alemanha, as incertezas na
volta ao Brasil, o cansaço extremo causado pela minha tireóide, meu descontentamento
constante. Todas as dúvidas e questionamentos de mãe de primeira viagem. Todos
os exageros e tolices de quem acha que precisa provar alguma coisa simplesmente
por querer fazer diferente.
E mais do que tudo, gratidão. Gratidão por ter você na minha vida. Pelos
desafios que você me faz traz, pela oportunidade de repensar tudo, de
questionar. De constantemente me reconhecer em você, e ao invés de me saudar
com a censura habitual, poder desfrutar da minha própria compaixão e do seu
amor incondicional.
Meu
Chico. Meu menino grande. Te amo. Te amo mais do que tudo.